Ele: - Com você eu não tenho pressa. Sei que se não der pra fazer hoje, podemos fazer amanhã. Ou depois, sei lá - disse um dia enquanto almoçavam.
Ela apenas olhou e sorriu. Ela é constante. Ele sabe exatamente o que pode esperar dela. Ela não respondeu porque não tinha o que responder, mas ao longo dos dias e com a incerteza e a insegurança da continuidade ela quis lhe responder.
E pensou: - Eu tenho pressa, sabe? Eu tenho pressa de viver tudo o que quero com você hoje. Quero viver cinquenta anos em um dia. Porque hoje de manhã eu sei que você está aqui, mas à noite eu não sei se ainda estará. Então eu quero viver intensamente e guardar cada momentinho vivido para emoldurá-los e pendurar na minha casa de lembranças.
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
Ausência
Tá frio aqui.
Da janela vejo a serração e as luzes do bairro ao longe.
Os grilos cantam.
Tudo é tão calmo.
Tão vazio.
Esse vazio me angustia.
Porque não é vácuo.
É so um espaço a ser ocupado.
(Conversa na madrugada entre dois corações vazios.
Um vazio da presença.
Outro vazio da ausência.)
05/09/2012
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
Diálogo interrompido
Ele: - Eu estou perdendo credibilidade com você.
Ela: - Sim, está. Infelizmente só acredito em algo que você me fala que vai fazer quando realmente faz. E isso acontece muito pouco. Daí prefiro não acreditar, pois é pior e gera expectativa. Essa coisa de "existe possibilidade" não dá muito certo. Eu penso, logo quero fazer e me programo pra isso. Além do mais, toda essa instabilidade gera um grande desgaste emocional em mim que fico sem saber o que fazer, o que esperar. Pensa comigo: de manhã você diz que fez uma coisa, de noite me fala que não fez por motivo a ou b. Então eu passei a ouvir e deixar pra lá, porque sei que não vai mesmo acontecer. Sinto muito. - pensou ela, mas não teve como responder porque a ligação fora interrompida
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
Da série Diálogos - Parte II
E ela pousou. Estava voando depois do amor. Quando sentiu o coração se acalmar e as pernas ficarem um pouco mais firmes, levantou. Não sei o que queria fazer, mas olhou pra cama e o viu ali. Estendido. Tão bonito que chegava a doer. Nus. Ela, em pé, o olhava e sorria.
Ele: - Você está linda!
Ela: - Linda? Assim, toda bagunçada? - indaga sem acreditar muito.
Ele: - Sim. E daí? Fui eu quem baguncei.
E ela sorriu mais ainda e saiu descendo as escadas rezando baixinho e pedindo que se fosse sonho, não queria acordar.
Ele: - Você está linda!
Ela: - Linda? Assim, toda bagunçada? - indaga sem acreditar muito.
Ele: - Sim. E daí? Fui eu quem baguncei.
E ela sorriu mais ainda e saiu descendo as escadas rezando baixinho e pedindo que se fosse sonho, não queria acordar.
sexta-feira, 20 de julho de 2012
Da série diálogos
Noite fria. Da janela vê-se as luzes da cidade ao longe, tremeluzentes.
Eles se encontram. Enrolados, abraçados com pernas e braços enroscados. Ele reclama da distância entre os corpos mesmo grudados. Ela indaga se não seria melhor se um ficasse dentro do outro. Ele confirma.
Ela: - Você é minha perdição. - diz em voz baixa, quase um sussurro.
Ele: - E você é minha salvação. - como se assim ele pudesse fugir das conturbações e continua: - Em você eu me encontro.
Ela: - E em você eu me perco.
quarta-feira, 25 de abril de 2012
Omissão da imprensa e colapso no serviço público. Quem paga a conta?
Estou tendo a péssima impressão de que a imprensa toda está
comentando muito pouco sobre os setores que estão em paralisação, greve ou
indicativo de greve em várias categorias. Até agora não ouvi nenhuma avaliação
macro sobre isso e longe de mim fazê-lo. Meu foco é outro, sobretudo a
comunicação digital. O que ora escrevo são apenas algumas linhas sobre minhas
reflexões.
Os professores estão em greve, os condutores do Samu irão
paralisar as atividades já a partir do dia 02/05, conforme ouvi em Gilmar
Carvalho, e se reunirão com médicos para uma possível greve, reivindicando também melhores condições de trabalho, além dos médicos e dos técnicos e auxiliares de enfermagem que prometem greve para maio, caso não haja negociação. Os servidores do
Ipes Saúde também paralisarão suas atividades. Recentemente houve uma rebelião
em uma das unidades prisionais do Estado que repercutiu nacionalmente,
inclusive, no Fantástico, devido aos maus tratos com que os presos eram tratados. Agora, os delegados ameaçam paralisar os plantões.
Portanto, educação, saúde e segurança estão em colapso. Isso está
acontecendo justamente porque nenhum dos problemas foi resolvido a tempo
tornando-se, assim, uma bola de neve.
Nos hospitais e postos de saúde faltam materiais, conforme o
neurologista Rilton Moraes, no Twitter, desabafou dizendo que uma cirurgia foi suspensa
por falta de material. No dia 13/04 uma enfermeira do Huse compartilhou uma
foto denunciando um óbito pelo mesmo problema. Por isso, fico aqui me
perguntando: o que aconteceria com o Estado se todos esses setores entrassem em
greve conjunta e simultaneamente? Como ficaríamos nós, contribuintes? Porque se nós pagamos
essa conta, então por que falta material? Porque temos de ficar sem segurança,
sem saúde e sem educação? Isso é falta de gestão. Mas aquela gestão que a dona de casa faz administrando as contas da casa, contendo gastos supérfluos e parece que sempre consegue esticar a receita doméstica para que não falte nada.
Mas não entrarei nesse assunto que já está esgotado. O que
me motivou a escrever esse texto foi a omissão por parte da imprensa de tudo
isso que vem acontecendo e veicula somente fatos isolados do todo. Não sou cientista política para ter essa
visão completa e se há interesses políticos por trás de tudo isso, mas estou
vendo que isso pode acontecer se não houver providências que sanem esses
problemas. E digo sanar, não apenas tomar medidas contingenciais, pois isso
somente agravará ainda mais os problemas que estão por vir. É por esse motivo
que digo aos meus colegas jornalistas políticos que há a necessidade de
informar aos leitores sobre esse colapso que o funcionalismo público está
vivenciando e que atingirá diretamente à população na prestação dos serviços básicos
pagos por ela.
sábado, 24 de março de 2012
Primeira edição da Virada Digital terá inovação, interatividade e sustentabilidade
As cidades de Paraty (RJ), São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília receberão nos dias 11, 12 e 13 de maio a Virada Digital. Serão 72 horas ininterruptas de atividades ligadas a novas tecnologias, inovação, empreendedorismo e sustentabilidade. O lançamento do projeto será na próxima quinta-feira (29), no Circo Voador, no Rio de Janeiro.
Entre as atrações, está uma apresentação especial do Solar System Scope, simulador 3D interativo utilizado pela NASA, demonstrações de protótipos e modelos de games, além de apresentações de músicos de todo o Brasil, que integram o projeto Compacto Petrobras.
Para compor a curadoria de conteúdos, o evento contará com um time diversificado:
· Sérgio Amadeu, professor e pesquisador
· Ivana Bentes, doutora em Comunicação pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
· MV Bill, rapper e escritor
· Suzana Apelbaum, publicitária, diretora de criação nas agências: Click, J. W. Thompson e África
· Martha Gabriel, professora, mestre e doutora em Artes pela USP (Universidade de São Paulo)
· Cláudio Langone, ex-secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente
Serviço
Lançamento da Virada Digital
Onde: Circo Voador – Rua dos Arcos, s/nº - Lapa – Rio de Janeiro (RJ)
Quando: dia 29 de março, quinta-feira, a partir das 19h30
Fonte: Ascom Virada Digital
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
Aposentada cria blog para comentar ações de marketing nas mídias sociais
Sempre ligada às novidades tecnológicas, Norma da Matta é usuária apaixonada pelas mídias sociais (principalmente Facebook e Twitter), e foi daí que partiu a ideia de fazer um blog onde pudesse compartilhar todas as suas experiências relacionadas ao tema. O endereço é www.aposenteieagora.com.br.
Norma da Matta está aposentada há quase 3 anos, mas isso não significa estar “estagnada” ou “inativa”. Ao contrário, rompendo com a ideia que ainda pode rondar por aí, ela quer quebrar o estigma da palavra e mostrar que ser aposentado significa também estar ativo e antenado em tudo o que acontece no mundo offline e online.
O "Aposentei, e Agora?" fala de mídias sociais para qualquer público e já é um sucesso com pessoas das mais variadas idades. Norma usa o blog parar informar e colaborar com quem gosta e quer fazer bom uso das mídias sociais, testando todas as campanhas e fazendo uma análise dinâmica, divertida e de fácil entendimento. "Acredito que posso ajudar minha geração a ver que a internet não é um bicho de sete cabeças, e mais do que tudo, quero provar que a aposentadoria pode ser só um recomeço", afirma Norma.
Após passar um tempo buscando uma nova atividade resolveu voltar ao mercado de trabalho. Na agência Tuiuiú Comunicação ela encontrou uma nova oportunidade de trabalho e o incentivo necessário para se dedicar ao seu projeto, o blog “Aposentei, e agora?”.
Mini-currículo
Norma da Matta é especialista em mídias sociais, fez MBA em Gestão Empresarial pela Business School. Começou sua carreira no Instituto de Pesquisas Espaciais INPE e trabalhou em empresas de computadores. Atuou como gerente de produtos para Internet nos portais Terra e iG. Atualmente faz atendimento e colabora com a Tuiuiú Comunicação nos projetos de mídia social.
(Foto: Divulgação)
O "Aposentei, e Agora?" fala de mídias sociais para qualquer público e já é um sucesso com pessoas das mais variadas idades. Norma usa o blog parar informar e colaborar com quem gosta e quer fazer bom uso das mídias sociais, testando todas as campanhas e fazendo uma análise dinâmica, divertida e de fácil entendimento. "Acredito que posso ajudar minha geração a ver que a internet não é um bicho de sete cabeças, e mais do que tudo, quero provar que a aposentadoria pode ser só um recomeço", afirma Norma.
Após passar um tempo buscando uma nova atividade resolveu voltar ao mercado de trabalho. Na agência Tuiuiú Comunicação ela encontrou uma nova oportunidade de trabalho e o incentivo necessário para se dedicar ao seu projeto, o blog “Aposentei, e agora?”.
Mini-currículo
Norma da Matta é especialista em mídias sociais, fez MBA em Gestão Empresarial pela Business School. Começou sua carreira no Instituto de Pesquisas Espaciais INPE e trabalhou em empresas de computadores. Atuou como gerente de produtos para Internet nos portais Terra e iG. Atualmente faz atendimento e colabora com a Tuiuiú Comunicação nos projetos de mídia social.
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
Skol leva o Carnaval de Salvador para todo o mundo
Em projeto inédito, a marca exibirá ao vivo a maior festa popular de rua pelo YouTube, Google+, Orkut com a participação de convidados especiais e Hangouts de celebridades
“Este ano teremos a transmissão ao vivo no YouTube, Google+ e Orkut - e, primeira vez, os usuários poderão participar e fazer perguntas para seus ídolos nos Hangouts ao Vivo, que tem sido usado ao redor do mundo com nomes como Dalai Lama e Will.i.am" conta Esteban Walther, diretor de marketing do Google para América Latina. "Nós queremos transformar esta experiência em uma verdadeira folia digital, levando o Carnaval para todos os 800 milhões de usuários do YouTube", completa.
Sempre antenada em levar para o consumidor ações inovadoras e surpreendentes, a Skol é parceira do Google na transmissão do Carnaval de Salvador 2012, que neste ano abrange uma audiência internacional, sem precedentes. A escolha pelo apoio ao projeto surgiu a partir da afinidade que possui com as características da marca. “O conceito está em sintonia com a Skol: assim como a marca, o projeto é moderno e inovador”, afirma Pedro de Sá Earp, Diretor de Marketing de Skol.
A Skol se relaciona de forma permanente e intensa com os consumidores na web através ferramentas inovadoras de engajamento e conteúdo para seus usuários, além de uma intensa atuação em redes sociais. “A web é hoje um meio essencial para manter contato com o consumidor de Skol que é jovem de espírito e está sempre em busca de novidades para ser surpreendido. Queremos ser um facilitador na rotina do nosso consumidor e o apoio a transmissão do Carnaval de Salvador será mais uma das formas de atingir esse objetivo”, complementa o executivo.
Veja onde participar do maior carnaval de rua do mundo:
YouTube – No ar desde 24 de janeiro, o canal oficial do Carnaval 2012 em parceria com a Skol, traz em seu conteúdo uma playlist de vídeos com shows, coreografias e os hits do carnaval, além disso, a partir de 16 de fevereiro, vai transmitir os seis dias de evento para todos os países, videoclipes das músicas e bandas do momento, e outras ativações do canal que incluem funcionalidades especiais, como um mapa que mostra as regiões do mundo que estão assistindo o Carnaval - permitindo conversa entre os usuários, a Rádio Skol com as melhores músicas no ritmo de folia e ainda, o YouTube terá um espaço exclusivo no Camarote do Reino, de onde Thierry Figueira receberá convidados, fará entrevistas, flashes ao vivo, entre outras surpresas.
+AoVivo - o Carnaval também marca o lançamento da página +AoVivo, onde acontecem os Hangouts direto de Salvador e os usuários do Google+ e Orkut que poderão enviar perguntas e conversar em tempo real com as celebridades convidadas.
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
Huawei Lança o Smartphone mais Fino do Mundo
O Huawei Ascend P1 S é equipado com processador dual-core de 1.5GHz
e tela sensível ao toque super AMOLED de 4.3 polegadas
A Huawei, provedora de soluções líder em tecnologia da informação e comunicação (TIC), lançou o smartphone mais fino do mundo na CES 2012 – Consumer Electronics Show. O Huawei Ascend P1 S tem 6,68 mm de espessura e possui tela sensível ao toque de 4,3 polegadas Super AMOLED 960 x 540 com Proteção Corning® Gorilla®. O Ascend P1 S é também o smartphone mais veloz e compacto de sua categoria, com processador dual-core 1.5GHz TI OMAP 4460 Cortext-A9 e sistema operacional Android 4.0 Ice Cream Sandwich.
“Estamos entusiasmados com o lançamento do smartphone mais fino do mundo aqui na CES 2012”, declarou Richard Yu, Chairman da Huawei Device. “O Ascend P1 S demonstra o nosso compromisso contínuo de inovar dispositivos de alta qualidade, que utilizam as mais modernas tecnologias de hardware e software”.
A Huawei lançou também o Ascend P1, da mesma série de smartphones, que possui as mesmas funcionalidades e mede 7,69 mm. Esbanjando elegância e velocidade, com bateria de 1670mAh/1800mAh, a série Huawei Ascend P1/P1 S proporciona a experiência mais veloz de multitarefa, reprodução de vídeo e jogos da categoria.
A série Huawei Ascend P1/P1 S possui um corpo superfino e estreito de 64,8 mm, formas elegantes e um design naturalmente requintado. A tampa traseira, com cobertura em PPVD preto, distribui igualmente o calor e tem um design metálico forte, tridimensional e com textura delicada. O Ascend P1/P1 S está disponível em preto metálico, branco cerâmica, vermelho cereja e em outras cores para combinar com seu estilo pessoal, onde quer que você se encontre, não importa o que esteja fazendo.
O Ascend P1/P1 S dá vida ao seu mundo digital com as impressionantes câmeras de 8 MP BSI na parte traseira e de 1.3 MP HD na parte frontal, com dual flash LED e otimização com efeito HDS. O Ascend P1/P1 S permite que você registre os momentos especiais com detalhes mais distintos, claros e brilhantes, tanto em ambientes claro como no escuro. Reviva seus momentos mais memoráveis com as impressionantes funções de captura de vídeo HD 1080p do Huawei Ascend P1/P1 S. A conectividade de dados em alta velocidade através de 3G, WiFi e Bluetooth e as funções incorporadas de acesso às mídias sociais permitem que você compartilhe suas fotos e vídeos de forma instantânea, através das redes sociais.
O Huawei Ascend P1/P1 S estará disponível na Europa, Ásia-Pacífico, América do Norte, Austrália, Oriente Médio e na China a partir de abril de 2012.
sábado, 7 de janeiro de 2012
Solidão
Passei 15 anos de minha vida casada. Não um casamento oficial, desses de papel passado no cartório e na igreja. Mas morando junto com outra pessoa. Os dois relacionamentos deram certo pelo tempo que tinham de dar. O primeiro durou cinco anos, o segundo, dez anos. Capengando entre altos e baixos, crises de ciúme, solidão, bebedeiras e xingamentos. Pode parecer que é mentira, mas quase nunca era eu que iniciava as brigas, pelo contrário. Sempre deixei por menos, colocando essas chateações em algum canto esquecido da mente ou chorando sozinha.
Sempre estive sozinha. A solidão é companheira fiel desde minha infância. Sempre tentei fugir dela comprando livros e mais livros. Geralmente aqueles romances açucarados que podiam ser encontrados em qualquer banca de jornal. Passava as noites lendo-os, apenas com a réstia de luz do hall do apartamento que chegava até a cama. Minha mãe ralhava, ameaçava bater, apagava a luz tirava-me o livro das mãos. Mal sabia ela que eu possuía um estoque embaixo do colchão. Logo depois meu pai levantava, levava-me ao banheiro, dava água e deixava a luz acesa.
- Você estraga essa menina! Ler no escuro faz mal pras vistas, por isso que ela está assim, cega! Você mima demais! - dizia minha mãe.
- Deixa a menina! Se ela quer ler, o que é que tem? - retrucava meu pai.
- Ela passa a noite acordada. De manhã não quer acordar. Preguiçosa, é isso que ela é! - continuava Dona Léo, incansável.
- Deixa dormir. Pelo menos não fica na rua aprendendo o que não presta e a gente sabe onde está - retrucava "seu" Mesquita, sempre em minha defesa.
Homem de poucas palavras, analfabeto, que ainda hoje me faz atendê-lo somente com um olhar ou um assobio. Fazia quase tudo o que eu queria, só negava quando era pra ensinar que na vida não conseguiria sempre tudo o que eu desejasse. Só o que me pedia em troca era que não fizesse "coisa errada", que tivesse "disciplina", estudasse muito e o obedecesse, senão o "couro comia". Nunca o desafiei, nunca o desobedeci, nunca apanhei dele. A obediência era um preço baixo a pagar por todas as regalias que ele me dava. É muito fácil atendermos a quem amamos.
Mas voltando aos romances, acho que minha mãe estava certa em reclamar de minhas leituras da madrugada. Troquei o dia pela noite, coisa que até hoje me causa problemas, e vivo idealizando um romance ideal como nos livros. As letrinhas e histórias folhetinescas me fascinavam tanto que tornei-me jornalista e contista amadora sem talento.
E a solidão sempre presente. Única criança negra numa escola particular, classe média alta no início dos anos 1980, nunca tive amigos. Mesmo em casa, sempre fui a "neguinha", deixada de lado e pronta para fazer os mandados da família.
- Elaine, corre, vai comprar chup chup que eu te dou um! - dizia uma das irmãs mais velhas.
- Elaine, vai limpar o quintal! - dizia a outra irmã, mesmo tendo empregadas em casa e eu tendo somente sete anos de idade e morando num apartamento térreo.
- Pede pra "macaca" ir buscar cerveja na padaria pra mim - dizia meu cunhado, longe do meu pai. Todos riam. Eu odiava que me chamasse assim, mas nunca reclamei. Para quê? Não iria adiantar de nada. Minha mãe mesmo, quando uma de suas amigas ouvia uma dessas ofensas e criticava, dizia "Tem problema não. Ela não liga". E lá saía eu pro último andar chorar escondida.
Todos diziam que eu era feia, que parecia uma macaca mesmo, por causa da cor, herdada dos ancestrais negros e índios, e do cabelo "ruim", "pixaim". "Não sei porque essa menina tem esse cabelo", lamentavam meus familiares. Com tanta feiura, o jeito era me destacar de alguma forma. Então eu estudava. Lia tudo que me caísse nas mãos, fazia palavras cruzadas, quebra cabeças, jogos de estratégia. Era sempre uma das melhores alunas da escola. E isso me angariava amizades. Falsas, interessadas na cola que eu passava, mas fazia com que eu me sentisse menos só, mais querida.
Fui crescendo, tornei-me adolescente, me apaixonei. Construí castelos que fui vendo desmoronar tijolo a tijolo. Achava que a culpa era minha. Me faziam acreditar que era. Pra compensar a solidão e a frustração de não ter quem amava, namorava e ficava com quem me desse vontade. Não deu certo, sempre voltava pra casa sozinha. Foi quando conheci o Marcos. Ele quis casar comigo. Fomos morar juntos. Depois de dois anos vi que não era aquilo que eu queria. Não havia entendimento, gostos em comum, diálogo e eu continuava só. Suportei mais três anos e separei.
Vim pra Aracaju e encontrei Roberto, antigo namorado da adolescência. Estava casado. Eu não quis saber dele. Três dias depois ele bate na minha porta. Havia separado, queria casar comigo. Me senti querida, desejada, amada e lá fui eu de novo. Depois de três anos os mesmos problemas. Nada de compatibilidade, muitas bebedeiras, ciúme excessivo, proibições disso e daquilo, e eu buscando refúgio em outros olhares, outros lugares. E assim permaneci. Achando que não tinha jeito. Mas o amor dele não foi suficiente pra compensar tudo que tinha de suportar. Não foi suficiente pra espantar a solidão. E eu me apaixonei.
Pela segunda vez na vida me apaixonei. E resolvi me separar. Viver essa paixão. Aqueles malditos romances ainda estavam na minha cabeça. E eu acreditei que, enfim, havia chance para mim. Mas qual nada, continuo só.
- Deixa a menina! Se ela quer ler, o que é que tem? - retrucava meu pai.
- Ela passa a noite acordada. De manhã não quer acordar. Preguiçosa, é isso que ela é! - continuava Dona Léo, incansável.
- Deixa dormir. Pelo menos não fica na rua aprendendo o que não presta e a gente sabe onde está - retrucava "seu" Mesquita, sempre em minha defesa.
Homem de poucas palavras, analfabeto, que ainda hoje me faz atendê-lo somente com um olhar ou um assobio. Fazia quase tudo o que eu queria, só negava quando era pra ensinar que na vida não conseguiria sempre tudo o que eu desejasse. Só o que me pedia em troca era que não fizesse "coisa errada", que tivesse "disciplina", estudasse muito e o obedecesse, senão o "couro comia". Nunca o desafiei, nunca o desobedeci, nunca apanhei dele. A obediência era um preço baixo a pagar por todas as regalias que ele me dava. É muito fácil atendermos a quem amamos.
Mas voltando aos romances, acho que minha mãe estava certa em reclamar de minhas leituras da madrugada. Troquei o dia pela noite, coisa que até hoje me causa problemas, e vivo idealizando um romance ideal como nos livros. As letrinhas e histórias folhetinescas me fascinavam tanto que tornei-me jornalista e contista amadora sem talento.
E a solidão sempre presente. Única criança negra numa escola particular, classe média alta no início dos anos 1980, nunca tive amigos. Mesmo em casa, sempre fui a "neguinha", deixada de lado e pronta para fazer os mandados da família.
- Elaine, corre, vai comprar chup chup que eu te dou um! - dizia uma das irmãs mais velhas.
- Elaine, vai limpar o quintal! - dizia a outra irmã, mesmo tendo empregadas em casa e eu tendo somente sete anos de idade e morando num apartamento térreo.
- Pede pra "macaca" ir buscar cerveja na padaria pra mim - dizia meu cunhado, longe do meu pai. Todos riam. Eu odiava que me chamasse assim, mas nunca reclamei. Para quê? Não iria adiantar de nada. Minha mãe mesmo, quando uma de suas amigas ouvia uma dessas ofensas e criticava, dizia "Tem problema não. Ela não liga". E lá saía eu pro último andar chorar escondida.
Todos diziam que eu era feia, que parecia uma macaca mesmo, por causa da cor, herdada dos ancestrais negros e índios, e do cabelo "ruim", "pixaim". "Não sei porque essa menina tem esse cabelo", lamentavam meus familiares. Com tanta feiura, o jeito era me destacar de alguma forma. Então eu estudava. Lia tudo que me caísse nas mãos, fazia palavras cruzadas, quebra cabeças, jogos de estratégia. Era sempre uma das melhores alunas da escola. E isso me angariava amizades. Falsas, interessadas na cola que eu passava, mas fazia com que eu me sentisse menos só, mais querida.
Fui crescendo, tornei-me adolescente, me apaixonei. Construí castelos que fui vendo desmoronar tijolo a tijolo. Achava que a culpa era minha. Me faziam acreditar que era. Pra compensar a solidão e a frustração de não ter quem amava, namorava e ficava com quem me desse vontade. Não deu certo, sempre voltava pra casa sozinha. Foi quando conheci o Marcos. Ele quis casar comigo. Fomos morar juntos. Depois de dois anos vi que não era aquilo que eu queria. Não havia entendimento, gostos em comum, diálogo e eu continuava só. Suportei mais três anos e separei.
Vim pra Aracaju e encontrei Roberto, antigo namorado da adolescência. Estava casado. Eu não quis saber dele. Três dias depois ele bate na minha porta. Havia separado, queria casar comigo. Me senti querida, desejada, amada e lá fui eu de novo. Depois de três anos os mesmos problemas. Nada de compatibilidade, muitas bebedeiras, ciúme excessivo, proibições disso e daquilo, e eu buscando refúgio em outros olhares, outros lugares. E assim permaneci. Achando que não tinha jeito. Mas o amor dele não foi suficiente pra compensar tudo que tinha de suportar. Não foi suficiente pra espantar a solidão. E eu me apaixonei.
Pela segunda vez na vida me apaixonei. E resolvi me separar. Viver essa paixão. Aqueles malditos romances ainda estavam na minha cabeça. E eu acreditei que, enfim, havia chance para mim. Mas qual nada, continuo só.
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